Em muitas histórias tem aquele cara que resolve tudo sozinho e não confia em ninguém. Nunca precisa de ajuda ou suporte e não se importa com as opiniões dos outros, o “lobo solitário”. Mas comigo não é assim.
Estar me tornando solitário é algo que receio e não algo que escolhi, as circunstâncias estão me moldando aos poucos. Produto do meio, instinto de sobrevivência, são características animais e detesto mudar sem escolher, mas a falta de opções está me fazendo acreditar que esta é a melhor opção. Ao menos, sei o que está acontecendo comigo.
A mim parece meio chocante, mas todo mundo mente, todo mundo muda, e por mais que eu sonhe com uma companheira em quem eu possa confiar sem medo, por mais que eu me considere capaz de retribuir este apoio incondicional e, como qualquer que me conheça é testemunha, sempre tente ser sincero, claro e justo nas minhas palavras e ações, as pessoas são muito complicadas e sempre encontrarão suas próprias justificativas.
Sempre fui um apaixonado, sempre soube quanto poder posso tirar disso e o quanto ele é ambíguo. Busquei pessoas e objetivos para colocar em um pedestal no horizonte, e enquanto os mantive lá experimentei a coragem para enfrentar qualquer coisa para alcançá-los e protegê-los. Sinceramente sei do meu potencial e escolhi desejá-lo para o bem. Tenho meus princípios e ideais para me guiarem, desenvolvi prazer em servir e proteger o bem que espelho em objetivos e pessoas, criei sede por inteligência para ser capaz de criar coisas magníficas. Entretanto sei também que as ambições podem distorcer a visão e que não sou exceção. Minha devoção pode me cegar e tentando proteger posso causar a destruição, e toda criação nasce da destruição.
Sou eu uma energia cega e manipulável? Deve o rei esquecer seu reino, a arma esquecer seu mestre? Pelo quê sou apaixonado afinal? Será a resposta “por mim” e serei mesmo um solitário?
Eu mesmo parece algo muito pequeno para dedicar minha vida. Receio não precisar confiar nos outros e me importar acima de tudo comigo. Receio me tornar insensível e egoísta. Pior, sei que pessoas assim são implacáveis, não se preocupam com nada além de si mesmos e o único meio de detê-las é atingindo-as forte e em cheio. Também vejo que cada virtude está ligada a uma fraqueza e vice-versa, ambas são aspectos de uma mesma qualidade ou individualidade. Sem esse meu defeito tão ligado à minha personalidade, não sei que tipo de pessoa eu seria.
Comecei a ponderar o que me faria realizado, por mim, excluindo a dependência de outra pessoa. Quero fazer algo pelo progresso da humanidade, seja uma descoberta gigante ou um ombro de gigante para que outras pessoas possam enxergar mais longe, conforme o melhor uso dos meus dons. Serei tão feliz quanto meu legado for significante e admirado.
Exemplos? Uma grande descoberta na astronomia seria mais direto e astronômico (não foi pleonasmo), fazer parte do poder legislativo seria mudar o mundo aos poucos dando apoio para outros potenciais.
Não sei o quanto disso é um risco real e quanto é produto de fiascos amorosos e dias forçadamente solitários, porém tenho certeza que mesmo sentindo um vazio inquietante, posso sobreviver sozinho.
P.S.: Einsamkeit é uma música de uma banda alemã chamada Lacrimosa, e a palavra em alemão creio significar "solidão".
Esse foi meu primeiro texto em primeira pessoa aqui no blog. Procuro sempre me excluir deles e não era minha proposta inicial escrever textos pessoais, mas como foi com a entrevista estou me arriscando. Farei tags para separar os textos de opinião e os pessoais. Gostaria de agradecer todos os meus amigos que mantêm minha estima melhor e certamente não me permitiriam sentir-me solitário não fossem as condições forçadas que me separam deles. Agradecer principalmente o Andrey, o meu amigo mais próximo, a Amanda Ribas, minha amiga mais antiga e provavelmente única testemunha além da minha família da época da minha infância em que fui violento, vulnerável e solitário, a Thamiris que vive tentando me dar uma força e não consigo criar oportunidades de ela me ajudar mais (não é por mal!) e a Ane que sabe exatamente o que quero dizer e me falou para não me tornar ranzinza igual ela (apesar de eu achar sua rabugice fofa). Para o pessoal de longe, principalmente a Heather e a Letícia, minha comunicação com ambas também ficou escassa mas é mais que importante.
E todos os leitores e comentários! Eu cozinho idéias para agradar vocês!
Aos comentários do post anterior: como jornalista eu seria provavelmente assassinado do jeito que sou chamado. And good to see you guys around here, Amanda e Matheus.
Tenham boas festas e me façam três grandes favores: não digam que Natal é o nascimento de Jesus, não digam que 2009 é o último ano da década e não desperdicem dinheiro e energia com aqueles pisca-piscas!
E aos estudantes, principalmente universitários, que também tiveram que fazer verdadeiros malabarismos e milagres com provas, trabalhos, recuperações e aquilo tudo: boas férias, bom descanso! Vai, também serve pra quem trabalhou e pra todo mundo. Oyassuminasai!
(Engraçado como escrever dá um cheer up total, nem me sinto mais sozinho).
domingo, 20 de dezembro de 2009
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Opinião pessoal: não acho que pra se apaixonar por si mesmo precisa-se deixar de se apaixonar por outras coisas. É só uma forma de ter um estepe pra caso de solidão.
ResponderExcluirOpinião sobre o texto: Inspirador, Charles, inspirador. Palavra de quem tenta escrever poemas.
Consideração final: DE FATO, escrever faz tudo melhorar *-*
P.S.: Boas festas e tudo mais pra você, Charles, e deixa as pessoas falarem e fizerem o que quiserem com o Natal, afinal, Natal significa pra cada um uma coisa diferente. ;D
Não acho que algum dia você vá se tornar uma pessoa egoísta e insensível. Não sem perder a sua própria identidade. E aí você não seria mais você, não é? Se serve pra alguma coisa, eu acredito em você e estou aqui por quanto tempo for necessária. <3
ResponderExcluirAh, feliz natal, né? E eu gosto de pisca-pisca. .____. eles briiiiiilham. *-*
Não creio, sob hipótese alguma, que estar solitário amorosamente vá tornar-te alguém desprezível. Para essas e todas as outras horas, você tem pessoas muito boas à tua volta, que gostam muito de você. x)
ResponderExcluirMe sinto... Indescritivelmente lisonjeado por ter sido relembrado por você novamente, meu grande amigo! :'D
Até para os momentos mais improváveis da vida estamos juntos e entendemos o que sentimos, isso é tão surpreendente, mas vez ou outra chega a ser macabro.
Enfim, satisfeito com esse conhecimento, espero ansiosamente por novos pratos! :D Abraço
"Idéias cruas para mentes com bom apetite" - Ou seja, o seu blog é um sushi...
ResponderExcluirPôxa, Charles! Me entristece vê-lo chateado. Mas saiba que há diferença entre ser sozinho e solitário. Sozinho é quando se está só(óbvio!), mas solitário é quando se está sozinho E sem nenhum amigo. Deu pra entender? Não? Bom, vc tem meu MSN. É só me contatar :P
Força, guri! Não sou alguém próximo a vc - afinal, eu moro em Guarulhos... - mas estou torcendo por ti. Pode ter certeza. :)
Charles, eu vjeo patricamente toda a nossa ultima conversa nesse post. Sei exatamente como se sente, essa necessidade de entregar os sentimentos.. mas só se sente assim quem realmente é recheado por eles, e é nitido que por você transbordam milhões de sentimentos, sentimentos bons.
ResponderExcluirVocê é um achado!
BB.